O guardião.

Me chamo Arthur, moro com família em um pequeno sítio, ao todo, somos sete, eu, minha esposa e nossos cinco filhos. O mais velho tem treze anos e o mais novo tem dois. Todos ajudam no sítio, já que é nossa única fonte de alimento, comprar comida na cidade é muito caro, então nós nos viramos com o que temos. Tem gente que não gostaria de viver assim, mas eu gosto, vivi aqui a minha vida inteira, nessa mesma casa onde já morei com meu pai, onde meu avô já morou com meu pai e onde meu avô já morou com meu bisavô.

Meu pai morreu a alguns meses, sempre foi um homem crente, adorava a Deus como ninguém, até mesmo construiu um pequeno altar ao lado de nossa casa quando eu era pequeno, meus irmãos e eu o ajudamos. De vez em quando, nós recebíamos visitas de padres e missionários, e meu pai os tratava melhor do que tratava a nós. Ele sempre nos ensinou a respeitar as coisas de Deus, ele dizia que tudo era possível se tivéssemos fé e orássemos o bastante. Meus irmão eram devotos quando crianças, mas sua fé foi morrendo conforme cresciam. Dos seis irmãos, eu fui o único que restou por essas bandas, acreditando nas palavras de meu pai e continuo sendo fiel a vontade de Deus. Meu pai orava para que Deus nos protegesse e eu acredito que sua oração fazia efeito. Eu acredito que Deus protege a mim e a minha família, então eu oro por eles todos os dias, assim como meu pai um dia o fez, assim como meu avô um dia o fez e assim como meu bisavô um dia o fez.

Os meus filhos e irmãos, de vez em quando, se encontram em situações problemáticas, meu filho de cinco anos, por exemplo, estava prestes a cair no poço aqui de casa, eu estava arando a terra nas proximidades mas não havia notado o que ele estava prestes a fazer, foi quando um pequeno rouxinol chamou minha atenção na direção do poço, foi quando eu vi o que meu filho estava prestes a fazer e o impedi, tem gente que não vai acreditar, mas eu sem bem que era aquele rouxinol. Outro dia, meu irmão se envolveu em um acidente com aquelas caixas de ferro chamadas de carro, cá entre nós, eu nunca iria entrar em uma máquina da morte como aquela, só pode ser invenção do diabo, prefiro muito mais as costas de meu cavalo, de qualquer forma, quando eu estava no hospital, ao lado de meu irmão, rezando por sua melhora, com o coração aflito, fomos visitados por um belo pombo branco, ao receber sua visita, meu coração aliviou-se, e meu irmão recebeu alta poucos dias depois, tem gente que não vai acreditar se eu contar, mas eu sem bem quem era aquele pombo. 

Um dia, minha hora vai chegar, acredito que meu filho mais velho tomará meu lugar e eu aceitarei o meu, protegerei essa família se meu Deus me permitir, assim como meu pai, meu avô e meu bisavô um dia o fizeram.

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